A servo venientibvs ossa (ou se você for mais rápido...)

Todo encontro como aquele era regado de muito suspense e emoção e o já tradicional frio na barriga era inevitável, ele não sabia se os olhares trocados eram indicação de um turbilhão maior de emoções ainda por vir, ela não sabia em que medida era correspondida e os dois se encantavam com o correr dos dias, com a pulsação, com o desejo que crescia.

Conversavam bastante e tinham muitas afinidades. Ela jeitosinha meiguinha e linda, sua baixa estatura contrastava com o porte dele: encorpado, forte e demonstrador de gestos firmes, seguros e decididos. Ele a tomava nos braços com muita habilidade, o que era atípico para sua faixa etária. Os dois sempre iam juntos ao colégio sendo que ele, o cavalheiro, a buscava na porta de casa e para lá a conduzia no fim de todas as manhãs. O clima era de muita ternura e ele só esperava uma oportunidade, já tinham ido ao cinema e nada, já haviam ficado na praça conversando até tarde e nada, já se entreolharam por longos (e eternos) instantes e nada, trocavam muitas gentilezas gestuais e nada.

Um dia após o tradicional cinema de sexta à noite eles vinham pela rua tranquila, arborizada e pouco iluminada, felizes em clima angelical. Andavam quase abraçados, em breve algo mudaria a vida dele, era o momento com que tanto sonhara, dentro de instantes seria ali a grande emoção de sua vida. No momento exato, tocou o telefone, ela atendeu: Disse que estava bem e em especial companhia, que estava tendo um dia maravilhoso mas faltava algo para que terminasse espetacular, e que aquele algo aconteceria dentro de instantes. Conversaram mais algumas palavras de cortesia... o jovem mancebo tentava não se intrometer não ouvindo a conversa e não demonstrar com isso falta de educação, aguardava quieto e olhando em direção ao chão em sinal de respeito e discrição até que findasse a conversa. Após se despedir ao telefone, decidiu que aquele seria o momento. Com muita cortesia e gentileza indagou:

- Quem era?

Ela delicadamente responde:

- Meu namorado.


Morreu Lombardi, o anônimo mais famoso que o Brasil já viu. Um verdadeiro ícone da cultura brasileira. Boa viagem.

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